O secretário da Criança e da Juventude em exercício e presidente do CEDCA/PE, Fernando Silva, abriu o encontro e destacou conteúdo dos dados da pesquisa realizada pela Andi. “Queremos trazer uma abordagem qualificada, buscar um melhor entendimento dos fatos. Acredito que chegaremos a um caminho comum e que a imprensa busque ampliar as suas fontes com dados mais consistentes sobre os adolescentes em conflito com a Lei”, falou.
Durante cinco anos uma pesquisa realizada pela Rede Andi Brasil foram analisados 2.236 textos oriundos de 54 jornais do Brasil para recolher dados que permitissem compreender qual o olhar lançado pelos meios de comunicação sobre os jovens em conflito com a lei, entre eles o Diario de Pernambuco e o Jornal do Commercio.
“Vejo a mídia violar cotidianamente os direitos das crianças e dos adolescentes. É preciso haver uma cobertura jornalística com uma ótica social. Às vezes a segurança pública não é o problema em questão”, disse Vivarta.
Depois da apresentação, aconteceu um debate mediado pela presidente da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope), Andrea Trigueiro e com os jornalistas Wagner Oliveira, Ricardo Novelino e Júlia Veras, representantes dos Jornais Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco – respectivamente.
Para a representante do Sinjope essa pesquisa trata-se de uma contribuição enorme da Rede Andi. “Uma notícia potencializa o fato para o bem ou para o mal”, disse André Trigueiro. Para o editor do Jornal do Commercio, Ricardo Novelino, “cabe ao repórter, editor e direção do jornal a conscientização para não violar os direitos das crianças e adolescentes”.
A repórter Júlia Veras da Folha de Pernambuco abordou o cuidado que os jornais precisam ter para não cometerem algum tipo de erro só pelo fato da concorrência sair na frente. “Precisamos agir diferente, nosso papel é mostrar um bom serviço para população independentemente do que os concorrentes irão trazer”, disse.
Já o repórter do Diario de Pernambuco Wagner Oliveira falou que às vezes a matéria factual atrapalha um pouco a análise mais aprofundada do fato. “Os repórteres tem pouco tempo para fechar a matéria, é o chamado deadline. Mas quando temos mais tempo, podemos aprofundar o conteúdo da reportagem”, relatou.
Sobre a Pesquisa
Período - 2006/2010
Foram 2.236 textos analisados de 54 jornais do Brasil
Alguns resultados:
Em 67,1% as matérias são excessivamente centradas nas infrações (e em casos individuais (47,3%).
Apenas 2,2% dos textos abordam o assunto com um olhar mais contextualizado.
A maioria das reportagens (51.1%) se limita a relatar o ato, ignorando fatores como miséria, exclusão e vulnerabilidade ao qual estão expostos a maioria dos jovens em conflito com a lei.
Espaços nobres como editoriais, artigos, entrevistas e notas assinadas tratando do tema são raros (5,5%).
Na maioria (58,8%) a PM é a única fonte demonstrando um enfoque unicamente policialesco.
O assunto é mal dimensionado. Apesar de 62,5% das infrações serem contra o patrimônio, 79,5% das reportagens tratam de atos violentos cometidos pelos jovens.
Os textos (34,3%) costumam usar termos pejorativos e ultrajantes e desrespeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente, usando imagens dos infratores (26%). Em 34,1% dessas fotos é possível identificá-los.
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