quinta-feira, 5 de julho de 2012

Rede Andi apresenta pesquisa em seminário da SCJ


Mídia e Conselhos: olhar sobre os adolescentes em conflito com a Lei. Esse foi o tema do Seminário realizado pela Secretaria da Criança e da Juventude (SCJ) e Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente- CEDCA/PE, na manhã de hoje (05), no auditório do Centro de Formação do Servidor Público. No encontro, foi apresentado pelo secretário executivo da Rede Andi, Veet Vivarta, os resultados finais de sua pesquisa que analisou como os fatos relacionados com o assunto são retratados pela mídia impressa.

O secretário da Criança e da Juventude em exercício e presidente do CEDCA/PE, Fernando Silva, abriu o encontro e destacou conteúdo dos dados da pesquisa realizada pela Andi. “Queremos trazer uma abordagem qualificada, buscar um melhor entendimento dos fatos. Acredito que chegaremos a um caminho comum e que a imprensa busque ampliar as suas fontes com dados mais consistentes sobre os adolescentes em conflito com a Lei”, falou.

Durante cinco anos uma pesquisa realizada pela Rede Andi Brasil foram analisados 2.236 textos oriundos de 54 jornais do Brasil para recolher dados que permitissem compreender qual o olhar lançado pelos meios de comunicação sobre os jovens em conflito com a lei, entre eles o Diario de Pernambuco e o Jornal do Commercio.

“Vejo a mídia violar cotidianamente os direitos das crianças e dos adolescentes. É preciso haver uma cobertura jornalística com uma ótica social. Às vezes a segurança pública não é o problema em questão”, disse Vivarta.

Depois da apresentação, aconteceu um debate mediado pela presidente da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope), Andrea Trigueiro e com os jornalistas Wagner Oliveira, Ricardo Novelino e Júlia Veras, representantes dos Jornais Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco – respectivamente.

Para a representante do Sinjope essa pesquisa trata-se de uma contribuição enorme da Rede Andi. “Uma notícia potencializa o fato para o bem ou para o mal”, disse André Trigueiro. Para o editor do Jornal do Commercio, Ricardo Novelino, “cabe ao repórter, editor e direção do jornal a conscientização para não violar os direitos das crianças e adolescentes”.

A repórter Júlia Veras da Folha de Pernambuco abordou o cuidado que os jornais precisam ter para não cometerem algum tipo de erro só pelo fato da concorrência sair na frente. “Precisamos agir diferente, nosso papel é mostrar um bom serviço para população independentemente do que os concorrentes irão trazer”, disse.

Já o repórter do Diario de Pernambuco Wagner Oliveira falou que às vezes a matéria factual atrapalha um pouco a análise mais aprofundada do fato. “Os repórteres tem pouco tempo para fechar a matéria, é o chamado deadline. Mas quando temos mais tempo, podemos aprofundar o conteúdo da reportagem”, relatou.


Sobre a Pesquisa

Período - 2006/2010

Foram 2.236 textos analisados de 54 jornais do Brasil

Alguns resultados:

Em 67,1% as matérias são excessivamente centradas nas infrações (e em casos individuais (47,3%).

Apenas 2,2% dos textos abordam o assunto com um olhar mais contextualizado. 

A maioria das reportagens (51.1%) se limita a relatar o ato, ignorando fatores como miséria, exclusão e vulnerabilidade ao qual estão expostos a maioria dos jovens em conflito com a lei.

Espaços nobres como editoriais, artigos, entrevistas e notas assinadas tratando do tema são raros (5,5%).

Na maioria (58,8%) a PM é a única fonte demonstrando um enfoque unicamente policialesco.

O assunto é mal dimensionado. Apesar de 62,5% das infrações serem contra o patrimônio, 79,5% das reportagens tratam de atos violentos cometidos pelos jovens.

Os textos (34,3%) costumam usar termos pejorativos e ultrajantes e desrespeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente, usando imagens dos infratores (26%). Em 34,1% dessas fotos é possível identificá-los.

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